12/12/07 - A banda ouropretana Galanga, que criou o rock afrogressivo, encerra projeto Talento & Arte com show em Nova Lima

Dia 16 de dezembro às 20h30, o grupo Galanga, que segue a tradição do rock progressivo, mas acrescenta a malícia e a irreverência do Zé Pereira e do Maracatu, encerra projeto em Nova Lima

O grupo musical Galanga, de Ouro Preto, encerra o projeto Talento & Arte, na cidade de Nova Lima, dia 16 de dezembro, às 20h30. Idealizado para prestigiar novos talentos da casa, o projeto abriu também espaços para importantes propostas de outras cidades, todas escolhidas através de Edital. Foram selecionados, dentre quase 70 inscrições, 25 projetos. A entrada é de 2 reais (inteira) e 1 real (meia).

O Galanga reúne, na sua maioria, ex-alunos de música, literatura e artes cênicas, o que explica seu caráter multifacetado, o estilo que dialoga com inúmeras vertentes culturais e a incansável capacidade de revisar, permanentemente, seus próprios caminhos estéticos. Na opinião de seus componentes, “o Galanga tem, ao mesmo tempo, um problema e um trunfo: ser completamente diferente do que nos habituamos chamar de música mineira – o que talvez dificulte, num primeiro momento, nossa entrada no mercado musical­ – e, exatamente por isso, um frescor de coisa nova ou, pelo menos, do que é diferente”.

Mais uma vez o grupo prova de que no universo do rock cabe toda a criatividade humana. A banda tinha, originalmente, o objetivo de dialogar com as raízes da cultura negra, mas abandonou os temas regionais ligados à negritude e criou um novo estilo de música, o Rock Afrogressivo, uma mistura de elementos do rock progressivo com estruturas rítmicas e melódicas da cultura brasileira.

Mas o Rock Afrogressivo do Galanga é muito mais. Ele segue a tradição do rock progressivo – com as músicas de longa duração e a complexidade das composições, tanto em termos de melodia quanto de arranjos e ritmo –, mas acrescenta a malícia e a irreverência do samba, além dos elementos festivos e brincalhões do Zé Pereira e o batuque do Maracatu. Não é pouco. O ouvinte atento ainda descobrirá que o grupo aprecia estabelecer sintonias com o mundo do jazz e da música eletrônica. Como o próprio Galanga se autodefine, são compassos de “batuque plugado” e uma “interseção eletroacústica dos becos de Ouro Preto com as esquinas do mundo”, mas movidos por um espírito alegre e zombeteiro, sensual e contagiante, que explode numa festa performática, pois a fusão de diferentes linguagens – vídeo, dança, cinema, teatro e música – é outra das melhores características desse incrível grupo.

O porquê de Galanga

Formada por Autista, apelido de Rafael Tivo (bateria e pensamento); Juliano Mendes (vocal e corpo); Marcha Lenta, apelido de José Aluízio Viana (guitarra e harmonia); Renato Zacarias (percussão e cor); Sancho, apelido de Maxuel Souza (vocal e maestria); e Zacca, Edson Zacarias, (guitarras e coisas do cerrado), a banda se inspirou, inicialmente, em Chico Rei, figura emblemática da história brasileira e das lutas pela libertação dos escravos.

Nascido Galanga, no Congo, ele foi um monarca guerreiro, sumo-sacerdote do deus Zambi-Apungo. Capturado por comerciantes portugueses de escravos e vendido no Rio de Janeiro, acabou sendo levado para Ouro Preto em 1740. Ali, depois de ser escravo por cinco anos, comprou sua carta de alforria e uma mina de ouro supostamente esgotada. Com o trabalho na mineração, alforriou centenas de escravos. Transformou-se, assim, em um rei proletário, trabalhando lado a lado nas minas com os membros de sua corte.

Apesar de ter abandonado os temas ligados exclusivamente às raízes negras, o grupo manteve o nome, transformando-o em uma homenagem à figura de Chico Rei e como uma prova da profunda ligação de seus componentes com a vida ouro-pretana.

Fazendo de Ouro Preto o que Dublin foi para James Joyce, o sertão para Guimarães Rosa, e Itabira para Carlos Drummond de Andrade, o Galanga transmite em suas músicas essa relação às vezes incestuosa, na qual a velha Vila Rica é mãe, madrasta, esposa e amante. Uma relação que os componentes da banda resumem de maneira emblemática: “Ouro Preto na cabeça, samba no pé!”.

Show do Galanga no Teatro de Nova Lima
Dia 16 de dezembro
Horário: 20h30
Ingressos: Inteira R$ 2,00 / Meia-entrada (estudantes e maiores de 60 anos) R$ 1,00

Conheça mais sobre a banda Galanga:
http://www.myspace.com/bandagalanga

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