Na noite da última quinta-feira, dia 30 de agosto, foi encontrada em meio às escavações da obra de revitalização da praça da Sé, uma ossada pertencente ao antigo cemitério existente no local.
De acordo com a historiadora Margareth Marton, um surto de varíola atingiu Mariana no início do século XIX. Os corpos, enterrados em campas dentro da Igreja da Sé, tiveram que ser retirados por ordem régia e da Igreja, e transportados para um cemitério construído em frente, onde hoje está a praça da Sé. “Havia o receio de que os restos mortais pudessem contaminar a população que freqüentava a Catedral”, explica a historiadora.
Os moradores da região, no entanto, reclamavam que o cemitério prejudicava as atividades e a arquitetura do local, além de ocasionar mau cheiro – como foi relatado em carta encontrada no arquivo da Câmara Municipal e transcrita pelo historiador Salomão Vasconcellos. Dessa forma, as ossadas foram transferidas para o cemitério de São Gonçalo por volta de 1850. “Instiga o fato não ter sido tudo levado para lá. Isso é motivo para uma nova pesquisa”, diz Marton.
A ossada foi vista pela primeira vez, na quinta-feira, pelo encarregado de obras Donizete João da Silva. “Já estava anoitecendo quando a retroescavadeira puxou pedaços de ossos humanos na parte mais superficial do terreno, então pedi para que interrompessem as atividades”, afirma.
O achado reforça as pesquisas sobre a Praça da Sé realizadas no início deste ano por Margarete Marton, encomendadas pelo Programa Monumenta de Mariana. De acordo com a coordenadora do Programa, Fátima Guido, os estudos serão utilizados no projeto de sinalização interpretativa . “Pretendemos contextualizar as placas de identificação de praças e casarões, dizendo quem idealizou a obra, quem construiu, o tipo de arquitetura e um pouco da história dos envolvidos”.
A pesquisa teve por base registros dos historiadores Salomão de Vasconcellos, Diogo de Vasconcellos e Cônego Raimundo da Trindade, buscas em cartórios da cidade, além de novos fatos coletados durante o estudo. O resultado – editado em livro - estará acessível à população no final de 2007 ou no início do ano que vem.
Texto: Tatiana Toledo e Hérica Fonseca
Fotos: Douglas Couto e Tatiana Toledo
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