Exposição retrata o ofício do entalhe em Mariana

A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo promove, a partir do dia 14 setembro, a exposição “O Ofício do Entalhe em Mariana”. A mostra de artistas marianenses tem como objetivo resgatar a riqueza dos trabalhos daqueles que marcaram ou ainda contribuem para riqueza artística e cultural do município, reconhecida no Brasil e no mundo.

De acordo com o secretário municipal de Cultura e Turismo, Marcílio Queiroz, serão expostos trabalhos de cerca de 20 artistas, estejam eles ainda em atividade ou não.

A exposição, que será realizada no Terminal Turístico Manoel da Costa Athayde, segue até o dia 30 deste mês. A abertura acontece nesta sexta-feira, às 20 horas.

Entalhe em Mariana

O Ofício do Entalhe em Mariana, a partir dos anos 50 do Séc. XX, encontrou a sua melhor expressão no artista marianense José Agostinho Mesquita. Antigo marceneiro retratou nos moldes clássicos do entalhe decorativo cabeças de anjos, volutas e rocalhas.

Sua obra influenciou outro grande artista, Fábio Gomes Batista (Fabinho) que, tendo começado como pintor aos poucos foi se entrosando com a escultura. Ambos atuaram sozinhos até a década de 70, dominando o cenário do entalhe e da escultura marianense.

Foi a partir da década de 70 que César Augusto Ferreira Guimarães, cognome Cafguima, recém-chegado do Rio de Janeiro onde vivera por aproximadamente seis anos, revolucionou o panorama do entalhe marianense, trazendo técnicas novas aprendidas com o renomado artista judeu-polonês Izrael Szajnbrum, como as carrancas com feições bíblicas e orientais (mais tarde feitas sobre xaxim ou raízes), as talhas de casario em moda nos centros maiores, além do baixo entalhe e a xilogravura.

Novos talentos surgiram ou se aprimoraram naquele período como Alvinho, Celso Neves, Chico Neves, Eliseu, José Roberto, Luiz Fernando, Newton Godoy, Tati (Otacílio Loreto), Tão (Weverton), Kid, Euler, Tony D’Angelo (Casa Velha), Roberto Lima, André, Adilson, Célio Cota, Dodô (Lindouro), Sílvio André, Vigário, dentre outros, inovando inclusive com o acréscimo das molduras nas talhas.

Nesse tempo Hélio Petrus iniciava a sua trajetória como entalhador sacro. A sua interpretação da talha com motivos bíblicos e a feitura de imagens em estilo barroco influenciou vários artistas mais jovens. Talentos afloraram como Thyko, Sacramento, Eduardo Campos, Arlindo José Dutra, Carlos Eduardo Souza, Gabriel Lopes, Graciano Borges, Jango e outros mais.

A partir daí Mariana passou a abrigar novos santos, querubins e painéis sacros cuja inspiração primeira foi a Fonte da Samaritana, obra de autoria do Aleijadinho, atualmente instalada no hall do Museu Arquidiocesano de Arte Sacra deMariana.

No início do século XXI surge o artista Tarik Zied Assaf, advindo da cidade de Belo Horizonte, que também ofereceu grande contribuição para o entalhe marianense, que pratica a arte sacra decorativa, além de técnicas da marcenaria tradicional antiga, inclusive com marcheteries.

Nessa época aqui também passou a residir Paula Lima, cuja ênfase artística são as miniaturas entalhadas em madeira.

Cada um deles, com o seu estilo e no seu tempo, marcam e enobrecem a Arte e a Cultura, fazendo com que a Primaz de Minas mantenha o seu título de Celeiro de Artistas.


Informações :

Marcílio Queiroz (secretário municipal de Cultura e Turismo): (31)3558-2314.

Texto: Tatiana Toledo e Marcílio Queiroz

Nenhum comentário: